Método rápido e barato para identificar adulterações em óleo resina de copaíba
Método rápido e barato para identificar adulterações em óleo resina de copaíba é um dos resultados de dissertação de mestrado
A Revista Brasileira de Farmacognosia aceitou para publicação o trabalho: “Detection of adulterated copaiba (Copaifera multijuga Hayne) oil-resins by refractive index and thin layer chromatography”, de autoria de Karol de Souza Barbosa, Massayoshi Yoshida e Veridiana Vizoni Scudeller. Este trabalho é parte dos resultados da dissertação de mestrado de Karol de Souza Barbosa, defendida em 2007 no Programa de Biotecnologia e Recursos Naturais da ESA/UEA, sob orientação da Dra. Veridiana Vizoni Scudeller (MBT/ESA/UEA) e co-orientação do Dr. Massayoshi Yoshida, em um dos projetos do Biotupé, com material proveniente da RDS do Tupé.
No trabalho foi empregada uma metodologia que permitiu analisar rapidamente e a custos muito baixos, a qualidade dos óleos resina de copaíba disponíveis no mercado de Manaus. Através dessas análises foi possível comprovar que várias amostras desses óleo resina estavam adulteradas. Esta adulteração consistiu provavelmente da adição de óleo de soja ao produto original em proporções muito altas, em geral acima de 50%. Esta prática ilegal pode ter implicações sérias para a saúde dos usuários desse produto.
O óleo resina de copaíba é um dos fitoterápicos amplamente utilizados no Brasil, principalmente na região norte. É usado extensivamente na medicina popular como antiinflamatório e cicatrizante, assim como antitetânico, antiblenorrágico e antirreumático, conforme algumas pesquisas já comprovaram.
O uso desse produto vem de longa data, antes mesmo dos europeus ocuparem a região. Os índios passaram a utilizar esse óleo resina após observarem repetidamente, que animais feridos esfregavam-se nos troncos das árvores de copaíba e ficavam curados.
De acordo com registros do IBGE, em 2003, foram comercializadas 463 toneladas de óleo resina de copaíba provenientes da Região Norte, somando aproximadamente R$ 1,4 bilhões no ano de 2003. A Alemanha é o país que mais importa óleo resina de copaíba do Brasil seguido pela França, Inglaterra e Estados Unidos. Porém, mesmo com a grande procura, a produção nacional ainda é insuficiente para atender a crescente demanda, tanto interna quanto externa. Esta situação torna-se hoje mais grave por causa das crescentes taxas de desmatamento registradas na Amazônia, o que pode por em risco a existência da copaíba.
O óleo resina de copaíba é obtido por exploração artesanal. A baixa disponibilidade deste produto nos mercados locais tem sido alegada como uma das causas para sua adulteração, já que a quantidade do produto não tem sido suficiente para abastecer esses mercados, tanto no Brasil como no exterior.
A adulteração do óleo resina de copaíba comercializado no Brasil é feita, de acordo com o que foi observado por algumas pesquisas, de duas maneiras: a) a primeira adicionando-se óleo vegetal, como óleo de soja, ou óleo mineral; e b) adicionando-se outros óleos vegetais com densidade e sabor similares, mas de espécies vegetais diferentes algumas sem qualquer parentesco com a copaíba.
Frequentemente ocorre também a mistura de óleo resina coletado de diferentes espécies de copaíba. Existem sete tipos (espécies) diferentes de copaíba na Amazônia. Estes óleos resina são diferentes uns dos outros na sua composição química, mas quando essa mistura acontece, a ação não é considerada uma adulteração do produto, mas essa prática afeta a qualidade e pode afetar também os efeitos desse produto.
Muitas pesquisas já foram feitas para desenvolver um método para controle de qualidade do óleo resina de copaíba, mas muitas delas são demoradas, caras e que exigem equipamentos muito sofisticados e caros também.
A pesquisa realizada permitiu desenvolver uma técnica simples, rápida e barata para detectar adulterações no óleo resina de copaíba comercializados no Brasil, principalmente na região Amazônica. Os órgãos de fiscalização e controle podem hoje dispor desta técnica de baixo custo para exercerem com mais eficiência suas atribuições legais.
Mais informações poderão ser obtidas diretamente com a autora principal (Karol Barbosa – karolbarbosa@gmail.com) ou através da Revista Brasileira de Farmacognosia, no final de março, quando está prevista a publicação do trabalho.